A água do Paraná é cara? Presidente da Sanepar diz que não e explica por que a conta vai subir

Por desenvolvimento

(Portal Banda B)

 

Depois de ficar congelada entre 2005 e 2010, por ordem do governador Roberto Requião, e de um reajuste no governo Beto Richa em torno de 106%, a tarifa de água e esgoto da Sanepar vai subir 25,63% nos próximos oito anos. O primeiro reajuste virá este ano com uma parcela de 5,7%. O restante será repassado nos anos seguintes com correção pela Selic. O aumento vem de uma decisão da Agência Reguladora do Paraná (Agepar) dentro de um novo modelo tarifário feito para atender o marco regulatório do saneamento básico.

No caso da tarifa residencial para consumidores de Curitiba que consomem até 10 metros cúbicos (m³) de água, que é a tarifa mínima, o valor hoje é de R$ 52,32. Para as demais localidades do estado, o preço da tarifa custa um pouco menos: R$ 50,90. Se o consumo passar de 10 m³, é cobrado R$ 7,84 por m³ dos usuários da capital e R$ 7,63 por m³ das outras cidades do estado. Se o volume de água consumida exceder 30 m³, o metro cúbico custa então R$ 13,37 em Curitiba e R$ 13,01 nos demais municípios.

Este valor é caro ou não? Quanto vale para o consumidor cada litro de água que chega em sua casa? E quanto custa para a Sanepar levar esta água até a torneira do morador?

O presidente da Sanepar, Munir Chaowiche, foi até a Rádio Banda B na manhã desta terça-feira (21) conversar com o radialista e deputado estadual Luiz Carlos Martins. Ao vivo, o presidente explicou estes valores e defendeu que a água no Paraná não é cara. Pelo contrário. “A água no Paraná não é cara e quero trazer esta tranquilidade aos paranaenses. Mesmo com os reajustes é hoje uma das menores tarifas do Brasil. Cito sempre o exemplo da garrafa de água mineral de 500 ml. Custa cerca de R$ 3,50 em uma lanchonete. Isso enquanto a Sanepar coloca pelo mesmo valor na casa do consumidor cerca de 1.000 litros de água potável. Água que tem um custo para chegar em cada torneira”, explicou.

Chaowiche comentou que é comum pensar que água é só pegar no rio ou captar do poço e pronto. Não é assim. “O custo existe e envolve o tratamento da água, a distribuição, a reservação, isso colocando também cerca de 7,5 mil profissionais que cuidam do saneamento na Sanepar. Se você ver toda esta estrutura e os investimentos previstos para este ano em torno de R$ 1 bilhão, além dos R$ 10 bilhões investidos nos últimos anos em obras e manutenção conclui que a água não é cara”, disse o presidente e completou: “As pessoas gastam muito mais, por exemplo, com a conta do celular e não há nem comparação com a importância da água, que é um item essencial para a vida e a saúde de todos nós”.

Reajustes

Sobre o novo modelo tarifário, que prevê um reajuste de 25,63% nos próximos oito anos na tarifa da água no Paraná, Chaowiche afirma que, após o congelamento da tarifa entre 2005 e 2010, a Sanepar ficou com a rede deteriorada, sem recurso para investimento ou manutenção. Isso, segundo ele, colocou em risco o abastecimento no estado e era preciso corrigir essa defasagem sob pena do estado sofrer um colapso no setor. “Quando o governador Beto Richa assumiu em 2011, várias cidades paranaenses estavam com problemas sérios de abastecimento e coleta de esgoto. A rede estava deteriorada, sem investimentos e muito menos manutenção. Os reajustes que vieram foram para adequar a tarifa à realidade e à necessidade de restabelecer a qualidade do sistema. Foram investidos cerca de R$ 4 bilhões em novas obras e perto de R$ 6 bilhões em manutenção. E isso só foi possível graças às correções. A Sanepar não aumenta a tarifa por aumentar. Existe um estudo técnico para garantir o abastecimento sem risco de racionamento e também a universalização da coleta com a meta de atingirmos 100% de coleta e tratamento de esgoto”.

Hoje, no Paraná, o abastecimento de água potável acontece em 100% dos municípios. Já em relação a coleta e tratamento de esgoto o índice médio é de 77%. No Brasil a média é de 40%.

Tarifa mínima

O presidente da Sanepar também falou sobre uma reclamação constante entre os consumidores: a tarifa mínima para qualquer consumo, sempre em 10 metros cúbicos. “Muitos reclamam e argumentam que se gastam um ou dois metros cúbicos por mês por que têm que pagar tarifa mínima sobre 10 metros cúbicos? Costumo usar o exemplo da tarifa de ônibus. Se você desce no primeiro ponto ou no último em uma linha, paga a mesma tarifa. Com a água também é assim. Mesmo sem consumir água na sua casa, a empresa tem que manter a estrutura para quando você abrir a torneira a água estar lá”. De qualquer forma, estamos discutindo a possibilidade de revermos a tarifa mínima, mas ainda é um estudo”, completou.