Moradores do Jardim Social se unem para “fechar” bairro com câmeras de segurança em parceria com a PM

Por desenvolvimento

(Banda B)

O Conselho de Segurança do Jardim Social, em Curitiba, quer, até o segundo semestre, cercar o bairro com cerca de 70 câmeras de monitoramento, além das dezenas que já existem nos imóveis da região. O projeto de iniciativa popular prevê disponibilizar as imagens captadas nas ruas e imóveis para monitoramento em tempo real pela Polícia Militar, por meio da estrutura já existente no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), que fica no 5º andar do prédio da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp). Os próprios moradores estão investindo para adquirir os equipamentos e adaptar as câmeras já instaladas ao sistema da Sesp.

O projeto do Conseg do Jardim Social será implantado em duas etapas: primeiro, todas as imagens que já são captadas pelas câmeras particulares serão disponibilizadas para monitoramento da Polícia Militar, por meio da estrutura que já existe no CICC, como explica o presidente do Conseg, Arnoldo Jeferson de Paula. “Existem centenas de câmeras de rua em nosso bairro , o que é uma característica do Jardim Social. Por isso, nesta primeira etapa, estamos unificando o sistema com a Secretaria de Segurança para um melhor aproveitamento destas imagens. Assim, quando a Polícia precisar terá de forma imediata a visão completa do bairro”, explicou. O custo desta fase é referente apenas a visita de um técnico para integrar a câmera ao sistema da Sesp, no valor de R$ 150,00.

A segunda etapa, que deve se iniciar em julho, prevê a instalação de 70 câmeras no bairro integradas com a PM por meio de um software desenvolvido por um morador, que é engenheiro formado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). “Com essa ferramenta vamos “fechar” o bairro com câmeras utilizando a inteligência artificial em nosso favor. Serão câmeras inteligentes ligadas ao celular de cada morador e também à polícia com a possibilidade de sinal de alerta e acionamento imediato da PM. É um trabalho do Conseg em parceria com a Sesp para conseguirmos manter nosso bairro mais seguro”, explica o presidente do Conseg. O custo desta segunda fase é estimado em R$ 150 mil, que deve ser viabilizado por meio da doação de moradores e parcerias.

O projeto para deixar o bairro Jardim Social mais seguro foi detalhado aos moradores em uma reunião do Conseg na noite desta terça-feira. Para o morador do bairro há sete anos, Gustavo Figueiredo, essa será mais uma ferramenta para manter o bairro mais seguro e o melhor caminho para isso é a parceria. “A tendência é cada vez mais o morador ocupar uma posição mais ativa no sentido de melhorar os instrumentos de prevenção à violência. Aqui no bairro já temos grupos de Whats em que um ajuda o outro no trabalho de segurança das casas. Agora, com este projeto, a ideia é automatizar este processo. Já temos um grande aparato tecnológico à disposição e precisamos nos integrar a esta tecnologia neste trabalho de parceria”, afirmou o morador.

A policial civil Cinthia Gonçalvez também ressaltou a importância da integração da população com as forças policiais. “A polícia, embora nas ruas, precisa o tempo todo da colaboração da população porque não sabemos o tempo todo onde o crime acontece. Este monitoramento auxilia bastante e também nos dá dados estatísticos para sabermos como as quadrilhas atuam”, afirma.

O deputado Luiz Carlos Martins acompanha e incentiva a parceria dos Consegs com a Sesp para ampliar a segurança nos bairros de Curitiba e em todo o estado. “Temos uma estrutura incrível no Centro de Monitoramento da Sesp à disposição da população e precisamos usar. O caminho é este que o Conseg do Jardim Social e vários municípios estão tomando. Vamos colocar estas imagens sob os olhos da polícia. Assim, a segurança pública só terá a ganhar. E lembrando que tudo acontece por meio dos Consegs. Tenho conversado com prefeitos incentivando a parceria e também estamos à disposição de todos os Consegs de Curitiba”, afirma o deputado.

Consegs

No Paraná, cerca de 40% dos 399 municípios tem ao menos um Conseg. A grande maioria em Curitiba, onde 35 dos 75 bairros têm Conselho de Segurança. Na Região Metropolitana, dos 29 municípios, 11 têm Conseg.

Mas de que forma a existência de um Conseg pode ajudar a diminuir os índices de violência num bairro ou cidade aumentando assim a segurança da população? Quem tem a resposta é o coordenador estadual dos Consegs, Cel. Nerino Mariano de Brito. “Os Conselhos Comunitários de Segurança servem de ligação entre comunidade e poder público. Com a difusão da política do Governo do Paraná de chamar a sociedade para compartilhar a gestão da segurança, os índices de violência diminuem a cada dia. A grande vantagem é que sociedade participa das decisões de segurança pública. O tema não fica restrito apenas a órgãos como a Polícia Civil ou Militar. Cada um sugere, participa e trabalha para encontrar soluções”, explica o coronel.

Para onde vão as imagens?

As imagens captadas nas câmeras de segurança integradas vão para o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), criado por ocasião da Copa do Mundo de 2014, que hoje monitora quase duas mil câmeras em Curitiba, Londrina, região da fronteira em Foz do Iguaçu, além de municípios na Região Metropolitana de Curitiba como São José dos Pinhais, Colombo e Quitandinha. Durante 24 horas, policiais militares e guardas municipais acompanham as ocorrências acionadas pelo 190, grandes eventos, presos e devedores com tornozeleira eletrônica, além da entrada e saída de veículos nos principais acessos. Um mundo de informações que, cruzadas, solucionam crimes, promovem prisões e aumentam a segurança da população.

Vários prefeitos estão visitando a Central e buscando informações sobre como aumentar a segurança da população utilizando o que já existe e está disponível. Para o secretário de segurança pública do Paraná, Wagner Mesquita, a parceria com prefeituras e também com a iniciativa privada é fundamental para ampliar a abrangência do Centro. “Temos aqui câmeras de municípios da Região Metropolitana de Curitiba com câmeras desviadas para o Centro e com acesso direto a um banco de dados imenso com antecedentes criminais, ocorrências online, monitorados com tornozeleira. Muitas vezes, uma ocorrência começa em um município e termina em outro e, rapidamente, podemos montar um cerco policial. Isso deve ser multiplicado nos municípios para que a segurança estenda os braços para toda a população”, diz o secretário. “Quanto mais cidades e bairros participarem deste grande monitoramento por meio de parcerias para aquisição de câmeras e do sistema necessário, melhor ser segurança em nosso estado”, afirma o secretário.

Como implantar o sistema de câmeras?

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), o primeiro passo para uma prefeitura implantar o sistema de monitoramento em pareceria com o CICC é verificar se há um Conselho de Segurança na cidade. É por meio do Conselho que é possível comprar os equipamentos e fazer o monitoramento. “A primeira e mais importante possibilidade para a instalação do sistema é por meio da atuação dos Conselhos de Segurança. Orientamos que se o Conseg não existe ou está inativo, é preciso reativá-lo. Damos toda assistência para isso. Hoje, mais da metade dos municípios não têm Conseg. Mas é por meio destes conselhos que começamos a integração para intensificar a segurança na cidade”, diz o secretário.